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Olá, conforme prometido no post anterior, trago pra vocês o meu CD de referência e aproveito para explicar o porquê da escolha destas músicas.

Antes de começar gostaria de fazer algumas observações:

Primeiramente este CD não cobre uma gama muito grande de estilos, na verdade ele é bem puxado para o rock e para o metal. Porém algumas músicas abrangem o pop, o eletropop, música eletrônica e o country. E por que destes estilos? Porque são com esses que eu mais trabalho.

Convenhamos peaples, nenhum mixador consegue efetivamente se especializar em mais de 2 ou no máximo 3 estilos. Por mais habilidoso que ele seja, as referências mais fortes acabam dominando e é exatamente por isso o artista tende sempre a buscar o profissional dentro de um meio musical análogo ao seu trabalho próprio.

Outra questão que gostaria de deixar registrado é que, efetivamente, é muito difícil selecionar 10 ou 12 música (meu cd ficou com 13! rs) e já adianto que eventualmente você irá ter que usar outra música de referência ou até mesmo sinta vontade de inserir mais coisas no CD.

Mas a escolha dessa “poucas” músicas fica mais simples se você setorizar e organizar os propósitos de cada coisa, por exemplo, eu tenho minha lista de 10 discos que SEMPRE ouço, seja pra aprender mais sobre mixagem, composição ou simplesmente porque gosto deles!

Tenho minhas músicas de referência de som de violão, som de guitarra com muito drive, com pouco drive, clean. Tenho listas com músicas com excelentes “climas”, para me inspirar na hora de compor, enfim tá tudo organizado e isso me faz ouvir as coisas com um determinado propósito, aliviando assim a barra do CD de referências, que tem próprio propósito:

Ele deve ser sua base de comparação geral de mixagens.

Caso você tenha que mixar em um estúdio que não conhece a monitoração e acústica, leve seu CD de referências, tem que opinar na mixagem de um amigo, use o CD de referências, tem que mixar somente com o fone, por que seu monitor queimou? Use o CD de referência.

E ele será sua base por um motivo muito simples: ele foi feito pra isso!

A escolha de cada música deve vir acrescida de um motivo que tenha relação com elementos técnicos de mixagem e é imprescindível que você esteja ciente de cada um desses elementos.

Sem mais delongas confiram a seguir as músicas que escolhi para meu CD...

Bjork e Sia

Amo! Ambas artistas têm trabalhos espetaculares dentro da linha eletro pop (apesar de achar impossível classificar estilisticamente a Bjork).

Para meu CD de referências selecionei as músicas Army of Me (1996) e Move Your Body (2016), a da Bjork e da Sia respectivamente.

Motivos… Sons eletrônicos de extremo bom gosto e planos de voz incríveis.

Apesar da diferença de exatos, 20 anos de uma gravação para a outra, ambas tem um ponto em comum: o perfeito equilíbrio dos elementos extremos do espectro. Graves e agudos completam com precisão os espaços não ocupados pela voz. É uma forma de se pensar mixagens. Ouça qualquer trabalho da Adele e verifique por você mesmo. Tanto o arranjo quanto a mixagem trabalham para “não atrapalhar” a voz, porém sem deixar que ela fique sozinha na música.

Destaco que isso é uma característica marcante do excelente engenheiro de mixagem Manny Marroquim que tem carimbado sequências de grandes sucessos dentro do pop moderno desde tempos das Spice Girls, agregando em seu currículo uma vasta lista de grandes nomes, tais como Seal, Dami Lovato, Miley Cyrus, Rihanna, Adele, Magic!, Santana, John Legend, Justin Bieber, Eminem, John Mayer, Bruno Mars, Celine Dion, Linkin Park, Lady Gaga, Imagine Dragons, Alicia Keys, Lana Del Rey, Christina Aguilera, isso só pra citar alguns.

Marroquim é o responsável pelo icônico disco 1001 Forms of Fear, álbum que levou o trabalho da Sia pra EUA/Europa e This Is Acting onde temos na quarta colocação a música Move Your Body presente no CD de referências deste que vos fala.

Trilhas Sonoras, Musica Eletrônica e Desespero

Tanto na música eletrônica, quanto nas trilhas sonoras, existe uma infinidade de possibilidades de composição e de mixagem. Quando você ouve trance music, house, dance, disco, o desespero bate! No geral são todas muito diferentes e específicas.

Exatamente por isso aliviei pro meu CD de referência… Para trilhas sonoras, me sinto bem livre, ouço Hans Zimmer, Daniel Despret, John Willians e trilhas de que gosto, levando em consideração o fato de estar mais ou menos no mesmo “clima” da que estou trabalhando.

Recentemente fiz uma abertura para um pequeno jornal e usei as aberturas dos jornais mais famosos como referência. Simples assim. Por tanto não tem nenhuma trilha sonora no meu cd de referência.

Quanto a música eletrônica, como não faço tantas, uso as que citei anteriormente (Sia e Bjork) para músicas com voz, já para músicas instrumentais costumo usar como ponto de partida a música Fly, de um (ou dois?) artista chamado Tristam_Bracken. Ela combina um bom equilíbrio de batidas eletrônicas com sintetizadores bem densos e isso me ajuda a colocar as coisas no lugar… Porém me sinto absolutamente livre para usar outras, caso sinta necessidade.

Iron Maiden, Dream Theater e Joe Bonamassa

Tenho em meu CD de referência, duas músicas do Iron Maiden, duas do Dream Theater e uma do Joe Bonamassa, mas afinal, o que essas bandas têm em comum?

A mixagem de um cara chamado Kevin “Caverman” Shirley. Qualquer trabalho desse cidadão vale uma boa ouvida… Procure saber.

Na primeira faixa do Iron Maiden, a música The Ghost of Navigator, do álbum Brave New World (2000) mixado por Kevin, você tem um perfeito exemplo de como todos os instrumentos podem ser ouvidos sem digladiarem-se! Ouça a caixa da bateria e como ela se destaca mesmo com as paredes de guitarra distorcida! É matador! E acredite, difícil de ser feito. Sempre uso essa faixa para dar uma situada na bateria como um todo.

A segunda, é a música Be Quick Or Be Dead de 1992, do álbum Fear Of The Dark. Este álbum é até hoje considerado o mais pesado da banda inglesa.

Adoro como os reverbs funcionam bem nessa faixa. Ela possuiu notas muito rápidas, mas nada embola aqui. Talvez ela seja uma faixa um pouco datada e dificilmente alguém vai querer tanta reverberação nas mixagens de hoje em dia, mas ai é que está a beleza da coisa… É possível perceber a regulagem da reverberação sem muito esforço, isso ajuda a “encontrar” o ponto ideal desse efeito. Depois basta abaixar um pouco ajustando aos padrões mais atuais.

Mas reverbs a parte, Be Quick Or Be Dead é uma incrível referência para mixagens de metal tradicional. Observe como a voz é presente, mas não alta. O som do baixo é definido, mas não é fanhoso, as guitarras estão lá, mas não encobrem nada na mix. Vale uma conferida.

Mais um trabalho de Kevin Shirley, agora em 2016 no disco Blues Of Desperation, temos a faixa Mountain Climbing de Joe Bonamassa. Esta faixa é um blues rock bem cheio. Uso como referência para mixar hard rock ao estilo ACDC e rock n roll mais cru. Observe como a ambiência da bateria, junto ao bom timbre do baixo preenchem todo espectro onde não tem outros instrumentos falando, observe também como um riff de guitarra simples pode ser a solução de um arranjo. É incrível!

Tendo trabalhado nos discos Falling Into Infiniti (1997), Scenes From A Memory (1999), Six Degrees Of Inner Turbulence (2002), Train Of Throught (2004), Kevin é figuram carimbada nos trabalhos do Dream Theater.

Ele é o responsável pela poderosa faixa Honor Thy Father do álbum Train of Throught (uma das faixas selecionadas para meu CD de referência). Essa faixa me permite perceber muito bem como colocar o panorama, a reverberação e a timbragem de uma bateria para metal ou prog. As guitarras são muito bem colocadas, apesar de não achar que seja os melhores timbres que John Petrucci já produziu.

Uma observação pertinente… Eu acho esse disco como um todo, muito comprimido… A dinâmica das músicas fica um tanto prejudicada… Ouça a faixa In The Name Of God. Ela começa com apenas uma guitarra limpa dobrada com violão e depois entra a banda, na real era pra haver um impacto de dinâmica! Mas ele fica muito prejudicado por conta do excesso de compressão. Acontece…

Apesar de haverem álbuns piores nesse quesito e hoje excesso de compressão e volume ter se tornado um tanto natural no metal extremo, na minha opinião, estamos excedendo um pouco ai e deixando excelentes discos ficarem praticamente impossíveis de serem ouvidos inteiros.

A segunda faixa do Dream presente no CD é a In The Presence Of Enemies - Part II do disco Systematic Chaos de 2007, mixado por Paul Northfield muito reconhecido por seus trabalhos com Rush, Ozzy Osbourn, Steve Howe, Queensrÿche, dentre outros.

Essa faixa é pra mim o ponto ideal de uma mix para uma música progmetal.

Os timbres gerais, valorizam tanto as notas lentas quanto rápidas, a mix permite ambiências sem ficar datada. A bateria está com um timbre fanático, pesada, definindo, mas sem que pra isso tenha que fazer uso do excesso de kicks…

Os timbres de guitarra são fenomenais, tanto os sons de base quanto de solos. Se você quer ouvir um verdadeiro som do amplificador Mesa Boogie, tá ai nessa música. Os patchs teclados são de extremo bom gosto e se encaixam perfeitamente sem “brigar” com a guitarra. A voz ainda sobressai a tudo isso. Vale uma ouvida galera!

Bom fechamos por aqui… Por enquanto! O post já está bem extenso. No próximo, terminarei de mostrar as músicas do meu CD e posto a lista completinha pra facilitar a visualização.

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